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Eleições 2022: entenda como elas impactam o mercado financeiro e seus investimentos

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Como as eleições de 2022 podem impactar o mercado financeiro e consequentemente, seus investimentos? É sobre isso que Beto Assad, especialista em investimentos do Kinvo vai abordar no texto abaixo. Confira:

O mês de setembro começou e com ele aumenta a expectativa da eleição presidencial que se aproxima. Se até o momento o mercado prestou muito mais atenção ao cenário econômico internacional, boa parte dos investidores começa a colocar um ingrediente a mais na hora de decidir o destino de seus investimentos, que é justamente a disputa eleitoral.

Muito se discutiu ao longo do ano se essa disputa já não está precificada, tanto na renda fixa, quanto na variável. Boa parte do mercado acredita que, independentemente de quem for eleito, a condução da política econômica não sofrerá grandes mudanças, o que explica esse sentimento. Uma outra ala enxerga de maneira diferente, com o mercado passando a ter maior volatilidade conforme o avanço da corrida pela presidência do Brasil.

Neste contexto, o início do mês de setembro traz o seguinte questionamento: o mês dará uma pista de como a bolsa terminará o ano de eleição presidencial? 

Se considerarmos as últimas duas eleições, a possibilidade é grande. Em 2018, o índice subiu 3,48% no nono mês do ano, com a bolsa subindo mais quase 10% até o final de dezembro. Já em 2014, ano da reeleição de Dilma Roussef, o Ibovespa despencou 11,70% em setembro, caindo ainda quase 8% até o final daquele ano. 

Mas e agora, o que esperar da corrida presidencial?

Tudo indica uma disputa apertada entre o atual presidente Jair Bolsonaro, e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com Ciro Gomes crescendo como uma terceira força, ainda que distante dos dois primeiros. 

Se a maioria das pesquisas ainda mostra Lula com vantagem em relação a Bolsonaro, essa margem parece estar diminuindo, com o atual presidente liderando as intenções de voto em alguns estados. E isso, indiscutivelmente, passa a chamar cada vez mais atenção do mercado financeiro.

Muitas medidas do atual governo trouxeram resultados tanto para a renda fixa como para a renda variável. O aumento do risco país (com o estouro dos gastos públicos acima do teto), além da inflação, ajudou a pressionar a taxa de juros. Isso desestimulou o investimento na economia real e na renda variável. 

Por outro lado, o próprio estouro do teto de gastos com a prorrogação do Auxílio Brasil trouxe efeitos positivos para a bolsa, com investidores acreditando que o programa social melhore o desempenho de empresas no semestre por estimular o consumo.

Muito se argumenta que todos os subsídios oferecidos até agora pelo governo são medidas visando a reeleição. Resta ver como os eleitores enxergarão isso, e o que os candidatos vão oferecer para o futuro do país.

A partir de agora, gestores de fundos e investidores profissionais vão analisar, em detalhes, o que cada candidato tem a oferecer. E dependendo de como for o desempenho de cada um nos embates políticos, o mercado pode começar a reagir maneira de mais volátil do que se viu até agora.

O que está claro, analisando o perfil dos dois candidatos, é que teremos uma disputa populista, com muitas promessas de todos os candidatos em “prol” da população. Isso significa mais gastos públicos e mais problemas fiscais. São muitas variáveis a serem analisadas para tentar entender o impacto econômico a longo prazo.

Além do mais, existe ainda a sombra do risco político. Será que Bolsonaro irá aceitar tranquilamente uma eventual derrota para Lula? Alguma chance de as Forças Armadas intervirem? 

Se o risco diminuiu consideravelmente nos últimos tempos, ele ainda continua à espreita, trazendo ainda preocupações em caso de judicialização da disputa. 

Assim, com todo o cenário que temos a frente, e com tudo o que está em jogo, pode-se esperar que o mercado aumente, mesmo que em pequena magnitude, sua volatilidade no período pré-eleitoral.

Para os investidores avessos à volatilidade, talvez seja mais interessante continuar surfando a onda dos juros altos da renda fixa. Para os mais agressivos, com foco tanto no curto quanto no longo prazo, o mercado pode trazer maiores movimentações nos próximos tempos. E não se esqueçam: o cenário econômico continua desafiador, independentemente das eleições. 

Juntando tudo, os 4 últimos meses do ano prometem intensidade.

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